Números de acidentes envolvendo crianças sem cadeirinha no Brasil
No Brasil, apesar da lei exigir o uso da cadeirinha para crianças até sete anos e meio, muitos acidentes graves e fatais ainda envolvem pequenos passageiros sem esse equipamento essencial.
A cadeirinha é um dispositivo de retenção que protege a criança em caso de colisão, reduzindo em até 71% o risco de morte, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ela deve ser usada conforme a idade e o peso da criança, garantindo que o cinto de segurança funcione corretamente. Desde 2008, a legislação brasileira tornou obrigatório esse equipamento, o que já resultou em queda significativa no número de mortes infantis no trânsito.
Porém, o desrespeito às normas de trânsito ainda é comum, colocando em risco a vida de muitas crianças. Este texto apresenta os números e o impacto dos acidentes envolvendo crianças sem cadeirinha, reforçando a importância da conscientização e do cumprimento da lei para proteger nossos pequenos passageiros.
Panorama geral dos acidentes com crianças sem cadeirinha

No Brasil, a falta do uso da cadeirinha ainda é uma realidade muito preocupante. Em 2024, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou em média 66 infrações diárias por não uso ou uso incorreto do dispositivo nas rodovias federais, totalizando 24.267 autuações, uma redução de 14,6% em relação a 2023. Mesmo assim, os números mostram que muitas crianças continuam expostas a riscos graves.
Estudos indicam que o uso correto da cadeirinha pode reduzir em até 71% o risco de morte em acidentes de trânsito. Dados da PRF no Paraná revelam que, entre crianças menores de 7 anos e meio envolvidas em acidentes, 21% não usavam cadeirinha, 30% a usavam de forma incorreta, e 49% faziam uso adequado. Essa falta ou uso errado aumenta a gravidade dos ferimentos e a chance de fatalidades.
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Em comparação, crianças que utilizam corretamente o dispositivo têm muito mais chances de sair ilesas ou com ferimentos leves. A legislação brasileira, atualizada recentemente, exige que crianças até 10 anos ou que não atinjam 1,45 m usem cadeirinha apropriada, com penalidades severas para quem descumpre. Porém, o desrespeito persiste, especialmente nas rodovias mais movimentadas, como a BR-101 e BR-116, que lideram os registros de infrações.
Vamos aos números:
Nos últimos 10 anos, mais de 145 mil crianças foram hospitalizadas devido a acidentes de trânsito, segundo o Ministério da Saúde.
Em 2021, o Datasus registrou 285 mortes de crianças entre zero e quatro anos em acidentes de trânsito no Brasil.
Impacto do não uso da cadeirinha na gravidade dos acidentes

A ausência da cadeirinha no transporte de crianças aumenta significativamente a gravidade dos ferimentos em acidentes de trânsito. Quando uma criança não está adequadamente presa, seu corpo fica vulnerável a impactos diretos, projeções dentro do veículo ou até mesmo a ser arremessada para fora do carro em colisões mais severas. Segundo dados do Ministério da Saúde, crianças sem o uso correto da cadeirinha têm até 71% mais chances de sofrer ferimentos graves ou fatais em acidentes.
A cadeirinha diminui a probabilidade de lesões na cabeça, pescoço e coluna, áreas especialmente vulneráveis em crianças pequenas.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) também destaca que o uso de dispositivos de retenção infantil é uma das medidas mais eficazes para salvar vidas no trânsito. Em países onde o uso da cadeirinha é rigorosamente fiscalizado e incentivado, houve queda expressiva nos índices de mortalidade infantil em acidentes.
No Brasil, apesar da lei que obriga o uso da cadeirinha desde 2008, a fiscalização ainda é insuficiente em muitas regiões, o que contribui para o alto número de acidentes com crianças sem proteção adequada. A falta de conhecimento e a resistência cultural também são fatores que influenciam esse cenário.
Vale lembrar que a cadeirinha deve ser escolhida conforme o peso e a idade da criança, garantindo que o cinto de segurança funcione corretamente. O uso inadequado, como a instalação errada ou o uso de modelos inadequados, pode comprometer a proteção oferecida.
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Legislação e fiscalização
No Brasil, o transporte de crianças em veículos é regulado por normas claras que visam garantir a segurança dos pequenos passageiros. Desde 2021, a Lei nº 14.071 e a Resolução nº 819 do Contran determinam que crianças até 10 anos ou com menos de 1,45 metro devem ser transportadas no banco traseiro, utilizando dispositivos de retenção adequados à idade, peso e altura.
Bebês de até 1 ano devem usar o bebê-conforto; crianças entre 1 e 4 anos, a cadeirinha; e aquelas entre 4 e 7 anos e meio, o assento de elevação. O cinto de segurança convencional só é permitido para crianças acima de 7 anos e meio que já atingiram a altura mínima.
O descumprimento dessas regras configura infração gravíssima, sujeita a multa de R$ 293,47, além de 7 pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Em casos de reincidência, o valor pode chegar a R$ 880,41. Além da multa, o veículo pode ser retido até que a irregularidade seja corrigida.
A fiscalização tem sido intensificada principalmente em rodovias federais, onde a Polícia Rodoviária Federal (PRF) realiza operações para coibir o transporte inadequado. Em 2024, foram registradas mais de 24 mil autuações por não uso ou uso incorreto da cadeirinha. O desrespeito à lei ainda é frequente, especialmente em regiões com menor fiscalização.
Essas normas protegem a vida das crianças e também responsabilizam os adultos pelo cumprimento da lei. A combinação de fiscalização rigorosa e conscientização é essencial para reduzir acidentes e salvar vidas no trânsito brasileiro.
Causas do não uso da cadeirinha
O não uso da cadeirinha no Brasil está ligado a vários fatores, que vão além da simples desatenção. Um dos principais motivos é a falta de informação adequada. Muitos pais e responsáveis desconhecem as regras atualizadas, como a obrigatoriedade estendida para crianças até 10 anos ou que não atingiram 1,45 m de altura, conforme a Lei nº 14.071/2020. Essa desinformação gera insegurança sobre qual dispositivo usar e quando, levando ao transporte inadequado ou até sem proteção alguma.
Fatores culturais também influenciam bastante. Em algumas regiões, há uma falsa sensação de que segurar a criança no colo ou deixá-la solta no banco traseiro é suficiente. Essa crença, além de perigosa, é um mito que persiste por falta de conscientização.
Outro fator comum é o custo dos equipamentos, que pode ser alto para famílias de baixa renda, fazendo com que optem por não comprar a cadeirinha.
O uso incorreto é frequente. Muitas vezes, a cadeirinha é instalada de forma errada ou o modelo escolhido não corresponde ao peso e altura da criança, o que compromete a proteção. Também há relatos de pais que consideram o dispositivo desconfortável para os filhos, o que gera resistência.
Esses desafios mostram que a questão vai além da legislação: é preciso ampliar campanhas educativas, facilitar o acesso a cadeirinhas adequadas e desmistificar ideias erradas. Só assim será possível reduzir os riscos e proteger efetivamente as crianças no trânsito.
Consequências sociais e econômicas dos acidentes
Os acidentes de trânsito que envolvem crianças sem cadeirinha causam impactos profundos para as famílias e para o sistema de saúde. Além da dor e do sofrimento emocional, as vítimas muitas vezes enfrentam internações longas, cirurgias complexas e tratamentos de reabilitação, que exigem tempo e recursos. Para os familiares, isso significa não só o trauma da perda ou da recuperação difícil, mas também o afastamento do trabalho e a sobrecarga financeira.
No âmbito público, o Sistema Único de Saúde (SUS) arca com custos elevados para atender essas vítimas. Só em São Paulo, os gastos com internações e consultas relacionadas a acidentes de trânsito ultrapassaram R$ 130 milhões entre 2023 e 2024, segundo a Secretaria de Estado da Saúde. Em todo o Brasil, segundo o IPEA, estima-se que os acidentes de trânsito gerem um custo anual de cerca de R$ 50 bilhões para a sociedade, incluindo despesas hospitalares, perda de produtividade e reabilitação.
Cada internação por acidente de trânsito pode custar, em média, mais de R$ 10 mil ao SUS, considerando atendimento, cirurgias e acompanhamento pós-hospitalar. Esses valores evidenciam a pressão financeira que os acidentes exercem sobre o sistema público, que já enfrenta limitações orçamentárias.
Além dos custos econômicos, as consequências sociais são devastadoras. Muitas famílias ficam desestruturadas, com crianças que podem sofrer sequelas permanentes ou até perder a vida. O impacto emocional, aliado ao peso financeiro, reforça a urgência de medidas preventivas, como o uso correto da cadeirinha, para evitar que essas tragédias continuem a ocorrer.
Proteger as crianças no trânsito é, portanto, uma questão de saúde pública e responsabilidade social, capaz de salvar vidas e reduzir gastos que poderiam ser evitados com simples atitudes de prevenção.
Medidas para aumentar o uso da cadeirinha
Para que mais crianças sejam protegidas no trânsito, campanhas educativas são fundamentais. Organizações como o Denatran e a ONG Criança Segura promovem ações constantes, especialmente em períodos de férias, quando o transporte familiar aumenta. Essas campanhas usam histórias reais e dicas práticas para mostrar que a cadeirinha não é um luxo, mas uma necessidade que salva vidas.
Incentivos governamentais e privados ajudam a facilitar o acesso aos dispositivos de retenção. Algumas concessionárias de rodovias, por exemplo, lançam campanhas para conscientizar motoristas e familiares, reforçando que o uso correto da cadeirinha é uma questão de responsabilidade e cuidado. Programas que oferecem descontos ou facilidades na compra também contribuem para ampliar o uso, especialmente entre famílias de baixa renda.
O papel das instituições de saúde e educação é outro ponto-chave. Pediatras orientam os pais durante consultas, explicando a importância e o modo correto de usar a cadeirinha. Escolas e creches podem apoiar com ações educativas, formando uma rede que reforça a mensagem de segurança desde cedo.
Juntas, essas medidas criam um ambiente favorável para que o uso da cadeirinha se torne rotina. Mais do que cumprir a lei, trata-se de proteger o que temos de mais precioso: nossas crianças. Afinal, prevenir acidentes é um ato de amor que começa com um simples clique do cinto.
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Conclusão
O uso correto da cadeirinha é essencial para salvar vidas e reduzir ferimentos graves em acidentes de trânsito envolvendo crianças. Mais do que uma obrigação legal, é um compromisso de cuidado e responsabilidade de todos: pais, motoristas e autoridades.
Cada vez que uma criança é protegida, uma família é poupada de sofrimento. Por isso, é fundamental que a sociedade se una para garantir que nenhuma criança viaje sem a segurança que merece. A proteção começa com um simples gesto: colocar a cadeirinha e apertar o cinto.